05/09/2021

Resenha Literária
Inteligência em concursos
Professor Pier


Autor(a): Pierluigi Piazzi | Editora: Aleph (selo Goya) | Ano: 2013 | Páginas: 218 
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nome do livroSinopse: Estatísticas mostram que, tanto em exames vestibulares quanto em concursos públicos, os candidatos com melhores resultados não são os que acumularam mais horas de estudo, mas os que aproveitaram essas horas de forma mais inteligente. Portanto, a melhor estratégia para se atingir um bom desempenho em concursos não é a de se autoflagelar 14 horas por dia, lendo quilos de apostilas e textos, nem a de tentar memorizar uma quantidade gigantesca de informações. É se preparar de maneira mais eficiente. Neste quarto volume o prof. Pier volta a falar sobre como se tornar mais inteligente estudando de forma correta, mas desta vez para vestibulandos e concurseiros de plantão. Dá dicas de como aumentar a velocidade de raciocínio e de como evitar o famoso "branco" durante as provas. 'Inteligência em Concursos' propõe uma mudança radical na maneira de se estudar para os vestibulares mais concorridos do país e para os cargos públicos mais cobiçados. E para quem vai encarar o desafio, aponta os atalhos para não se sacrificar ao longo do caminho, para estar bem preparado na hora da prova e para ser bem-sucedido.
Nesse livro o autor, um professor conhecido e renomado em cursinhos de São Paulo, discorre mesclando experiências pessoas, estudos científicos e neurociência, sobre como estimular a inteligência, além de fornecer dicas de estudos e métodos de aprendizagem de forma mais focada em concursos e vestibulares. "Desculpe, mas você não está se preparando há anos: você acha que andou se preparando. Usou técnicas equivocadas, estudou de forma errada e acreditou inconscientemente que a quantidade poderia suprir a qualidade. Insisto, a culpa não foi sua: você foi vítima de um sistema educacional absolutamente idiota! Agora, cuidado! Depois de ler este livro, aí, sim, a responsabilidade passa a recair sobre suas costas!"


Enquanto procurava materiais para ler sobre neuroaprendizagem, me deparei com indicações dos livros do Professor Píer, que logo me chamaram atenção. Decidi começar com "Inteligência para Concursos" tendo em vista o vestibular, e logo que pude iniciei a leitura ávida para descobrir todas as dicas e novidades que eu encontraria ali. A verdade é que hoje, o livro já não trás nenhuma novidade para as pessoas que gostam de aprender mais sobre estudos, métodos, dicas, pelo menos não como quando foi lançado, pois hoje recebemos uma enxurrada de conteúdo sobre o assunto, seja do instagram ou dos canais de estudo no YouTube. É muito mais fácil ter acesso a esse conteúdo. A diferença, porém, são as explicações, as fundamentações, as questões fisiológicas abordadas. Um bom exemplo: todo mundo diz "estude com a técnica pomodoro". Mas não dizem porque deveríamos fazê-lo e o professor explica na obra.

No livro, o autor explica a importância de estudar escrevendo e não apenas lendo ou grifando, a diferença entre bom aluno e bom estudante, sobre porque é necessário estudar sozinho e não em grupo, como driblar as curvas de esquecimento dentre vários outros tópicos pertinentes ao assunto e muito interessantes de aprender e/ou reforçar para quem é estudante e/ou tem interesse sobre o tema. Ah, e é claro, sempre citando as questões neurológicas de cada processo. 
"No estudo solitário, você estará trabalhando as redes neurais que estavam anteriormente consolidadas, aproximando a peça nova cada vez mais da posição que ela deverá ocupar. Isso é feito ESCREVENDO e DESENHANDO. Nada de digitar e/ou sublinhar. Vários neurônios das redes neurais preexistentes começam a criar novas ramificações (dendritos), na expectativa de reconfigurá-las. Acontece que a enzima que estimula a formação dessas novas ramificações acaba se esgotando após uns 40 minutos, e só se refaz se o cérebro descansar cerca de 10 minutos. Isso determina o ritmo correto de estudo: estudar intensamente durante uns 30 minutos (escrevendo e desenhando, insisto, produzindo material) e descansar o cérebro por 10 minutos."
O livro trás várias críticas ao sistema educacional do nosso país (que realmente sabemos que é falho) e a pedagogos brasileiros... há também críticas à literatura nacional e nesses pontos confesso que discordei do autor. Reconheço que tornar certas leituras obrigatórias para adolescentes nas escolas pode desencadear séria aversão à literatura, mas porque é preciso muita maturidade literária para ler muitos dos livros considerados como obrigatórios. Isso não significa que a leitura de clássicos brasileiros deve ser desencorajada, nem que nossa literatura seja pavorosa e asinina, como ele dá a entender em certa altura. Creio que deve-se, apenas, repensar a imposição literária feita nas escolas e substituí-la com livros que formem novos leitores (livros, no geral, de fantasia infanto-juvenil, pois eles abrem mais espaço para a imaginação). Tais estudantes poderão, no futuro, buscar conhecer a literatura clássica por vontade própria e com mais bagagem intelectual para entender melhor e realmente desfrutar da leitura das histórias e estórias contidas ali.
"Só tem uma boa interpretação de texto e um vasto vocabulário quem lê muito. E só lê muito quem lê por prazer. Por isso, fuja dos clássicos pedantes e aborrecidos e comece a procurar leituras que o fascinem, que o prendam."


O professor Píer fala muito sobre leitura! Ele até mesmo desenvolve uma lista de indicação de livros para formação de novos leitores e incentivo ao hábito de ler. Ler nos torna questionadores e curiosos, logo, ávidos pelo saber! Ler nos torna mais empáticos, melhora nossa habilidade de fala e de escrita, aumenta nosso vocabulário., exercita nosso cérebro, nos encaminha a uma senescência mais lúcida... Sabemos que a leitura é importantíssima em vários aspectos como citei nesse post do blog (leia aqui) Eu poderia ficar horas falando sobre todos os benefícios da leitura e nesse livro a importância de ler é reforçada em toda, TODA oportunidade, o que achei muito bacana e necessário, afinal ler realmente é um caminho certo para potencializar a inteligência.
"Um ponto importantíssimo deve ficar muito claro desde já: só consegue fazer seu nível de inteligência aumentar quem for um leitor. Leitor é alguém que tem na leitura uma de suas principais fontes de divertimento. Insisto, ser um leitor não é "saber ler". Isso é ser alfabetizado (ou quase). Ser um leitor é ler para se divertir! É ler como fonte de prazer. Se você não sente prazer em ler, se você não sente a necessidade de desligar a TV para ler seu livro sossegado... você NÃO É UM LEITOR!"

"O domínio da linguagem escrita só é conseguido por meio de muita leitura; portanto, se você quiser "aguçar" sua inteligência, é indispensável que se você torne um ávido leitor."

Infelizmente o número de leitores no Brasil é muito menor que o ideal e a leitura não é vista como um hobbie para os jovens, como deveria ser. A pouco tempo surgiu um estudo que comprovou que a atual geração é a primeira na história a apresentar QI inferior à anterior e isso se deve, em grande escala, ao uso excessivo de telas (celular, tablet, computador, televisão). O professor Píer, à época do lançamento do primeiro livro, já criticava o uso excessivo de telas e já previa os prejuízos causados pelo uso errôneo da tecnologia. Infelizmente, muitas mães acreditam que é totalmente necessário o acesso das crianças ao celular, mas não percebem o mal que estão causando aos filhos. Tecnologia é bom? Claro que é! Mas há uma linha tênue entre o uso saudável e o uso maléfico. O uso de tela deixa o cérebro preguiçoso (recomendo assistir esse vídeo sobre o assunto).
"As gerações pós-tela, de tanto receberem imagens prontas, perderam boa parte da habilidade de imaginar."
Passamos a não saber lidar com o tédio e nos viciamos na descarga de prazer que acontece em nosso cérebro, que é bem maior do que quando fazemos atividades como estudar e ler. Por isso as crianças e adolescentes de hoje em dia são menos criativas, péssimas estudantes e nada cultivadoras do  hábito da leitura! Nesses aspectos eu concordo muito com o autor. Infelizmente, vi comentários de pessoas dizendo que o professor Píer tem uma "visão ultrapassada do assunto" e que ele é "uma pessoa de geração antiga revoltada com a tecnologia". Por favor! Como as pessoas não entendem? O problema não é utilizar a tecnologia, e sim conseguir utilizá-la de maneira saudável. Esse é o ponto em questão, e ao meu ver ele deixa isso bem claro no livro. 
"Assim como a habilidade em decodificar a escrita só é desenvolvida por meio de uma grande exposição à palavra escrita, a de decodificar a fala pressupõe uma frequente exposição à linguagem falada. Infelizmente, nos últimos tempos, ambas as exposições têm sido drasticamente reduzidas por dois fatores. Em primeiro lugar, as pessoas, sobretudo os jovens, leem muito pouco, até por falta de tempo, que é tomado pela TV e, principalmente, por um uso obsessivo do celular e computador."
"Algumas pessoas se iludem achando que a tecnologia pode suprir fraquezas mentais. Esqueça! Nada pode substituir seu cérebro. Os notebooks e tablets da vida não passam de ineficientes próteses intelectuais. Ainda com base nesse fundamento técnico, saiba que assistir às aulas presenciais ou na internet produz um envolvimento neural muito menor do que se essas informações fossem obtidas a partir da leitura de um livro. (...) Por que os seres humanos têm essa fantástica habilidade de transformar os avanços tecnológicos em retrocessos intelectuais?"


No começo, confesso, é uma leitura meio cansativa. Tive que me esforçar para me adaptar à narrativa do professor, ora com um ar muito convencido e superior, ora cheia de pontos de exclamação, palavras em CAIXA ALTA e a repetição extenuante de termos como "imbecil" e "idiota". Coisas que depois vão ficando mais irrelevantes e conseguimos captar o que importa, que é a mensagem que o professor tentou transmitir com sua obra. Vejo muitas pessoas criticando o livro, como se tivessem esperado ler toda a verdade do mundo entre as páginas dele. Pessoal, uma coisa tem que ficar bem clara: Quando lemos um livro de auto ajuda, devemos saber que se trata da opinião de outra pessoa. Isso significa que provavelmente não iremos concordar com tudo. Afinal, ninguém é dono da verdade e cada um pode ter um ponto de vista diferente do mesmo assunto. Portanto, cabe a nós absorvermos o que achamos que devemos e que irá nos acrescentar e refletir sobre o que não concordamos, mas não necessariamente aceitar tudo, engolindo goela à baixo cada argumento que é dito ali.

Apesar de não muito inovadora para mim, no geral foi uma boa leitura para entender melhor algumas coisas que eu já sabia sobre estudos e neuroaprendizagem e reforçar outras, mas com uma ou outra ressalva como citei e, apesar de meio conturbada em alguns aspectos e da divergência de opiniões (o que é natural em livros de autoajuda), me rendeu aprendizado e reflexões.
 

Veredicto final: Quatro novelinhos.

É do Brasil, beninas.




Inteligência em Concursos
Pierluigi Piazzi



Sobre o autor

Pierluigi Piazzi
 Pierluigi Piazzi
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Pierluigi foi um professor e escritor brasileiro atuante na área de educação, com ênfase em técnicas para melhoria da aprendizagem. Nasceu em 29 de janeiro de 1943, na cidade de Bolonha, na Itália, em plena Segunda Guerra Mundial. Mudou-se para o Brasil aos doze anos de idade. Por aqui, formou-se em Química Industrial, pela Escola Técnica Oswaldo Cruz (ETOC) e em Física, pela USP. Em 1980, tornou-se um membro da Mensa e descobriu a sua paixão pelo ensino, tendo a partir de então se dedicado a lecionar principalmente em cursinhos, acumulando ao longo dos anos cerca de 100 mil alunos, sendo alguns famosos, como José Serra e Antonio Fagundes. Fundou a editora Aleph. Criticou duramente os métodos de ensino adotados pelo Brasil e lançou vários livros sobre neuroaprendizagem. Por mais de dez anos viajou pelo país e visitou centenas de escolas fazendo palestras. Faleceu em 2015, vítima de um câncer.

Au revoir ♡

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