Sinopse: Noel vive há muitos anos com a mãe em um pequeno apartamento em Berlim, até que um dia tudo muda. Ela cai. Um derrame, ao que parece. De repente, ela está no chão, rodeada por uma grande poça de sangue. A vida de Noel se abala radicalmente. Então um homem com bigode surge e afirma que Noel não pode mais ficar sozinho em seu velho apartamento. Ele tem que se mudar, para longe de Berlim, para longe de casa. Para um ambiente completamente diferente, um centro de acolhimento para outras pessoas com deficiência. Pela primeira vez na vida, Noel está sozinho. Mas também é a primeira vez que ele vive com tantas outras pessoas. Em quem ele pode confiar? De quem ele gosta? Quem o ama?
Na primeira vez que folheei esse quadrinho, imaginei que iria amar lê-lo, inicialmente, pelo projeto gráfico que está simplesmente belíssimo. Impossível ler uma HQ e não reparar nisso, né? Quando li a sinopse percebi que a história também tinha muito potencial e que provavelmente eu iria me emocionar bastante.
Quer saber se gostei? Bora conferir a resenha completa!
Esse quadrinho é especial, pois foi encomendado ao quadrinista Mikaël Ross pela Fundação Evangélica Neuerkerode em comemoração ao aniversario de 150 anos da organização. Neuerkerode é uma vila inclusiva alemã criada em 1868 por um pastor e pela filha de um banqueiro com o intuito de cuidar de pessoas necessitadas. Hoje, a vila possui mais de 800 moradores entre pessoas com deficiência, desabrigadas e sozinhas no mundo. Mikaël passou dois anos em Neuerkerode, acompanhando o cotidiano e conhecendo as histórias das pessoas que habitam essa vila para confeccionar o quadrinho e, segundo a Fundação, para retratar a vida das pessoas com deficiência metal de forma intensa e autêntica como ela realmente é.
Inspirando-se nas pessoas que moram em Neuerkerode e nas histórias delas, Mikaël criou o personagem Noel que, após perder a mão e ficar sozinho no mundo, é acolhido pela fundação Neuerkerode e, a partir de então, se vê obrigado a lidar com a perda, a conviver com outras pessoas e aprender a, de fato, tropeçar, cair e se reerguer na vida. Obviamente todo esse processo é lento, tendo em vista que ele não entende de verdade o que está ocorrendo (não é explicado qual deficiência ele tem, mas essa condição o impede de entender a realidade).
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| Fundação Neuerkerode |
O que me deixou meio encucada é que nada é explicado ao personagem. Ele simplesmente é colocado lá e ponto, sem entender de verdade o que aconteceu com a mãe nem porque ele está ali, ou porque sua vida mudou totalmente de uma hora para outra. Acho que faltou retratar a existência desse tato com os moradores da vila, principalmente pela maioria lá se tratarem de pessoas com necessidades especiais. Da forma que ocorreu com Noel na história, foi como "ele não entende direito, então não é necessário explicar o que está acontecendo". Então os personagens ficam totalmente perdidos, seja esperando uma pessoa que não vai voltar, seja aguardando a hora de irem para um local que já não é mais o lar deles... Afinal, não basta apenas acolherem pessoas com deficiência mental, é necessário cuidar do psicológico, da saúde mental, da condição neurológica deles, não é mesmo?! Para conseguirem atingir o máximo do potencial deles e terem uma boa qualidade de vida. Mas a forma com que os fatos acontecem na HQ passou a impressão de que a fundação não faz isso como esperado, o que acredito que ocorra sim, apenas não tenha sido retratado como deveria.
Por meio de capítulos curtos nos é apresentado o cotidiano dos moradores de Neuerkerode e, ao decorrer da história, vamos conhecendo mais sobre esses personagens e. mesmo sabendo que são fictícios e apesar de terem sido inspirados em pessoas reais, é difícil não se apegar e não querer conhecer mais da história deles e entender de fato porque foram parar ali.
Como acompanhamos tudo pelo ponto de vista de Noel e por se tratar de uma Graphic Novel, que é mais visual, nos vemos tão perdidos quanto o garoto, apesar de conseguirmos captar melhor o que está acontecendo. Muitas passagens são confusas, mas ao mesmo tempo repletas de sentimento, de forma que a emoção por vezes se faz tão suficiente que o significado se torna insignificante - um verdadeiro paradoxo, não é mesmo?!
Para o trabalho gráfico não tenho palavras. É maravilhoso, delicado e passa totalmente a emoção da história. Por vezes me vi admirando os traços e as cores escolhidas que, aliás, não foram selecionadas ao acaso: percebemos que para cada momento há uma paleta escolhida a dedo, que evoca as sensações que autor quis expressar em cada cena ou episódio da história. É uma das HQ's mais bonitas que já vi em termos estéticos, fiquei completamente encantada com parte gráfica de "Aprendendo a cair".
Sobre a história, confesso que esperava mais dessa HQ. Não superou minhas expectativas.
Apesar do belíssimo trabalho gráfico, esperava mais da história.
Portanto, minha classificação é 3 novelinhos.
Sobre o autor
Mikael Ross
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Nascido em 1984, Mikael Ross sempre foi um entusiasmado leitor de HQs, e foram suas incursões pela Nona Arte que o levaram a se tornar ilustrador. Inicialmente, estudou design de figurino na Ópera Estatal da Baviera, em Munique, na Alemanha. Ao se mudar para Berlim, ingressou na Escola de Arte de Berlim Weissensee, publicando, em 2008, sua primeira história em longa, Herrengedeck. Por Aprendendo a Cair, Ross foi agraciado com o Max Und Moritz, o mais prestigiado prêmio dos quadrinhos alemães.
Au revoir ♡
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