30/06/2020

Projeto criativo "Fora da Caixa"
#5: Um sentimento... sobre o primeiro livro da minha amada (e ainda pequena) estante


Mais um mês, mais um post do Projeto Criativo Fora da Caixa! Para quem ainda não sabe do que se trata, é um projeto maravilhoso no qual eu e mais algumas blogueiras desafiamos nossa criatividade interpretando temas mensais das mais variadas e diferentes formas, exercitando, assim, nossa criatividade (confira todos os posts do desafio aqui). Para junho, o tema sorteado foi "um sentimento" e eu realmente não sabia sobre o que gostaria de falar. Poderia dissertar sobre o que tenho sentido em meio à pandemia e ao isolamento social, mas creio que já o fiz bastante nos dois últimos desafios do projeto (confira aqui e aqui). Continuei pensando sobre como faria esse post ao longo do mês, mas nada me vinha à mente.

Eis que dia desses, ao limpar minha estante, peguei o primeiro livro da minha coleção... e me veio, novamente, aquela velha conhecida sensação. O livro é o "Bem Mais Perto", da autora Susane Colasanti e ele sempre me desperta um sentimento especial não apenas porquê foi o primeiro da minha estante, mas por que há muitas coisas envolvidas além disso. Primeiramente, eu não o comprei e tampouco o ganhei de meus pais ou de um(a) simpático(a) conhecido(a) que tem conhecimento do meu gosto pelos livros. Não. Imprevisivelmente, eu estava em um dia de sorte e o faturei em um sorteio em um blog literário. Dá para acreditar? Imagine minha felicidade!


Nessa época eu ainda não tinha blog, mas amava visitar blogs alheios, ler resenhas de livros e, claro, participar dos sorteios e top comentaristas. A blogosfera ainda estava em um bom momento e a maioria das blogueiras ainda não tinha migrado para Youtube. Eu era muito nova e ainda não tinha livros nem dinheiro para comprá-los, mas me virava com os livros da precária biblioteca da escola pública na qual estudava. Portanto, ganhar esse sorteio foi mais que demais para mim. Desacreditei até o último minuto dessa minha vitória, e tive certeza que era verdade apenas quando o carteiro tocou o interfone e, com o coração pulando de alegria, recebi o lindo pacote que guardava meu livrinho tão especial – não importava que ainda não o tivesse lido, óbvio. Era especial pelo simples fato de eu o ter ganhado em um sorteio (logo eu, que sempre me considerei tão azarada).


Veio um kit todo bonitinho em uma caixa azul personalizada, com um marcador com corte especial daqueles binóculos que alguns lugares têm (usados para olhar a cidade) e com um bloco de papéis próprios para origami e instruções sobre como fazer tsurumis: tudo a ver com a história do livro. Era tudo tão maravilhoso que eu nem podia acreditar. Como demorei para lê-lo! Queria prolongar, ao máximo, aquela felicidade. Hoje, ao lembrar do episódio, percebo como foi perfeitamente parecido com o conto de Clarice Lispector.

Ah, poderia ser sobre mim!
"Chegando em casa, não comecei a ler. Fingia que não o tinha, só para depois ter o susto de o ter (...). Horas depois abri-o, li algumas linhas maravilhosas, fechei-o de novo, adiei ainda mais (...) fingi que não sabia onde guardara o livro, achava-o, abria-o por alguns instantes (...). Não era mais uma menina com seu livro: era uma mulher com seu amante." (Felicidade Clandestina - Clarice Lispector)
Quando enfim me rendi à leitura, lia devagar e degustava cada página para estender o fim. Não foi um livro que me marcou pela história, pois de fato não gostei muito (e inclusive detectei alguns problemas nele), mas me recordo que com a escrita da autora consegui me sentir como se eu estivesse verdadeiramente nos lugares que eram descritos com tanta perfeição que isso me encantou realmente. Não lembro disso ter acontecido com outras leituras tão intensamente como foi com essa... é tão maravilhoso quando conseguimos imergir em um livro dessa forma. Mas hoje acredito que isso teve influência pelo fato de que, naquela época, eu ainda não tinha lido tantos livros para ter base suficiente para comparações e juntando toda a carga emocional já descrita, fiquei excessivamente deslumbrada. Mesmo assim, a lembrança continua maravilhosa. Gostaria de reler depois de tanto tempo para saber como seria para mim hoje, se me sentirei da mesma forma.


É claro que ainda guardo o livro. Já pensei em me desfazer dele incontáveis vezes, afinal, não é uma história que eu tenha realmente gostado nem que valha a pena guardar para reler por si só. Entretanto, há toda uma memória afetiva envolvida. Quando eu o pego e o toco, o folheio e o cheiro (ah, o cheiro! Continua o mesmo depois de quase dez anos), é quase como voltar no tempo. Quase mágico. Além disso, depois que ganhei esse livro, eu fiquei com vontade de ler mais e mais. Ele aumentou minha sede por leituras. Procurei conhecer bibliotecas melhores além daquela da escola, comecei a juntar o troco do pão para comprar livros e decidi criar um blog para compartilhar minhas leituras!

Foi aí que eu comecei a me aventurar na blogosfera em um blog que hoje já não existe mais.


Ao longo dos anos, ganhei vários outros sorteios em outros blogs e redes sociais. Ganhei, inclusive, outros livros também. Entretanto, o primeiro sempre será mais especial. Acho que nunca conseguirei me desapegar dele. Portanto, não há apenas um sentimento que eu tenha quando me lembro do primeiro livro da minha estante, mas sim uma mistura de vários sentimentos maravilhosos e reconfortantes.

E pensar que tem gente que não gosta de participar de sorteios... 

6 comentários:

  1. Oi, Polyana tudo bem? Eu li este livro já faz um tempão. Eu nem me lembrava mais dele, pois como não gostei tanto do livro acabei doando-o. A capa dele é muito atrativa, embora simples. Não desfaça do livro, pois como foi o seu primeiro exemplar na sua estante, é bom guardá-lo como recordação, afinal existe sentimento. Abraço!

    https://lucianootacianopensamentosolto.blogspot.com/

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  2. Eu amei a história por trás do livro! Que amorzinho ♥ eu NUNCA ganhei um sorteio (azar no azar, azar no amor haha), e adorei ver que um simples ato fica na memória da gente, né? Acho que é ótimo para guardar na estante ♥

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  3. Não é que eu não goste de sorteio, mas eu nunca ganho ;/
    que maravilha ler essa história e conhecer alguém que ganhou em um sorteio. Meu primeiro livro que comprei e que eu pude falar que foi com meu dinheiro guardo até hoje e é um sentimento tão bom, então eu imagino como dever ser esse seu sentimento de ter ganho um assim dessa forma 😍 maravilhosa 👏

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  4. O tema era "um sentimento", mas lendo seu texto eu senti VÁRIAS coisas com essa história mais linda... A descrição da sensação de ganhar uma coisa tão especial, mesmo que pra uma pessoa que tem a estante cheia seja só "mais um", sabe? Pô, pra você foi o número 1, mesmo! Ainda que não seja a história mais maravilhosa de todas (não li, então vou pela sua opinião) faz total sentido deixar guardado, o que ele representa na SUA história é maior que isso. Obrigada por esse post lindeza!

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  5. Que lindeza, não consigo lembrar qual foi o primeiro livro da minha estante, mas tenho muito carinho pelos meus livros mais antigos <3

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  6. Eu preciso dizer que as suas fotos são sensacionais!!
    Amei o seu post para esse tema, e te entendo muitoo. Ganhei um sorteio uma vez na vida e fiquei toda feliz kkkkkkkkk
    E sobre se desfazer: também te entendo! Como eu uso o método KonMari pra arrumar minhas coisas, acabo mantendo alguns livros que eu provavelmente não vou reler, mas que tem valor sentimental para mim!

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