15/07/2022

Resenha Literária
O físico
Noah Gordon


Autor(a): Noah Gordon | Título Original: The Physician | Editora: Rocco | Ano: 2000
Páginas: 590 | Skoob: Adicione | Compre: Amazon
O FísicoSinopse: O drama turbulento e, por vezes, divertido, de um homem dotado do poder quase místico de curar, que tem a obsessão de vencer a morte e a doença, é aqui contado desde o obscurantismo e a brutalidade do século XI na Inglaterra ao esplendor e sensualidade da Pérsia, detalhando a idade de ouro da civilização árabe e judaica. A história começa quando Rob Cole, órfão, aprendiz de um barbeiro-cirurgião na Inglaterra, toma conhecimento da existência de uma escola extraordinária na Pérsia, onde um famoso físico leciona. Decidido a ir a seu encontro, descobre que o único problema estava no fato de que cristãos não tinham acesso às universidades muçulmanas durante as Cruzadas. A solução era Rob assumir a identidade de um judeu, ao mesmo tempo em que se envolvia com uma avalanche de fatos verdadeiramente impressionantes. 'Mais que uma recriação histórica magistral, aqui está também a história fantástica de uma vocação para a medicina. O romance de Noah Gordon recria o século XI de maneira tão eloqüente que o leitor é levado em suas centenas de páginas por uma onda gigantesca de autenticidade e imaginação', como se referiu o Publishers Weekly a "O Físico", de Noah Gordon, autor festejado como um dos maiores nomes do mundo literário norte-americano e presente em todas as listas dos livros mais vendidos.
Nunca vi um mesmo livro ser indicado por tantas pessoas fora da Internet como esse! Quando um professor de história me disse, lá em meados de 2016, que esse livro valia a leitura, fiquei muito interessada e anotei em minha lista de livros, séries e filmes para assistir e me esqueci dele. Ainda tenho essa lista, inclusive! Sempre via alguém aqui e ali falando dele. Mas foi apenas quando o professor da faculdade sugeriu que lêssemos que eu, surpresa com a coincidência e com tantas indicações desse livro, enfim, o adquiri... Mas guardei na estante e nunca mais peguei. Eis que, muitos anos depois, dando uma olhada na estante para escolher uma nova leitura, vejo a lombada de "O Físico" e bate a vontade de, enfim, embarcar nessa história.

Acompanhe agora minhas opiniões sobre o livro.


Não achei meio melhor de começar essa resenha além de dizendo que foi uma leitura realmente difícil. O Físico é um livro extenso e muito denso. Conta com poucos diálogos e muitas - bem como longas - descrições, o que torna o livro ainda maior pois suas páginas são repletas, de forma que o autor se demora em passagens que não são relevantes para a conclusão da história e que, vez ou outra, são desinteressantes.

Eu classificaria facilmente essa leitura como cansativa. Não é um livro para ler rápido e muito menos uma daquelas histórias para ler de uma só vez. Trata de muitos assuntos complicados, usa termos pouco utilizados e levanta questões culturais que, não entendendo os costumes das religiões mencionadas, dificulta um pouco a compreensão do leitor de modo que precisamos ora pesquisar, ora contar com uma boa imaginação para remontar os cenários e as descrições mentalmente.
" - Dizem que é barbeiro-cirurgião. É verdade?
- É.
- Se eu fosse você, não falava no assunto - disse Mirdin cautelosamente. - Os cirurgiões da Pérsia acham que os barbeiros-cirurgiões são menos do que...
- Admiráveis?
- Não aprovam.
- Não me importa o que aprovam. Não me desculpo do que sou.
Julgou ter visto uma chama de aprovação nos olhos de Mirdin, mas se realmente apareceu, sumiu no mesmo instante.
- E não deve. - Disse Mirdin."


Foi um livro que me conquistou aos poucos e ainda não me diria apta a explicar em exato o que me fez gostar tanto dele, uma vez que é, como eu já mencionei, uma leitura tão maçante. Talvez o fato de que logo no início nos apegamos ao protagonista e acompanhamos todo o crescimento dele, o que favorece o desenvolvimento de grande empatia pelo personagem ou, me arrisco dizer, talvez até mesmo as próprias passagens e descrições maçantes que tanto me cansaram. Por mais que não eram, na maioria das vezes, verdadeiramente contribuintes para o desfecho da história em si, passavam a impressão de que estávamos vendo uma novela, acompanhando casos que eram sim muitas vezes aleatórios vividos por Robert, mas isso porque realmente acompanhamos sua vida.

Assim, pudemos entender de fato como foi difícil para o protagonista atingir seu objetivo e como foi uma trajetória cansativa, maçante e com muitos empecilhos a exemplo da própria leitura
"Rob tinha presença. Com dezoito anos era homem feito e dois palmos mais alto do que Barber. Tinha ombros largos e era magro, uma juba de cabelos castanhos crespos, olhos azuis bem separados que mudavam de expressão mais rapidamente do que o mar, rosto de ossos grandes e queixo quadrado sem barba. Desembainhou a espada até a metade, aquele símbolo de homem nascido livre, e a embainhou outra vez. Observando-o, Barber sentiu um arrepio de orgulho e uma intensa apreensão que não podia descrever. Talvez não fosse errado chamar de medo."
"- Preciso ser médico. - Parecia uma desculpa absurda. Rob sentiu-se envergonhado, como se estivesse confessando um vício ou fraqueza. Não tentou explicar, era complicado e ele próprio não entendia."


Rob queria ajudar as pessoas, mas ele queria de fato entender para curar. Ele se deparou com muitos entraves: a ganância de pessoas que enxergavam a medicina como algo rentável e inacessível para quem não possuía condições e não como deveria ser: uma profissão dedicada a ajudar o próximo, independente de questões financeiras. Ele também enfrentou dificuldades em aprender em um local no qual o aprendizado era delimitado pela religião, que impedia muitas coisas, como necrópsias e estudos com cadáveres.

"Quando Rob segurou a mão da mãe, algo passou do corpo dela para mente do filho. Uma informação; Rob sabia com absoluta certeza o que aconteceria com ela. Não conseguiu chorar. Não podia chorar. Sentiu que o cabelo se eriçava na sua nuca. Uma sensação de puro terror. Não teria enfrentado se fosse um adulto, e Rob era uma criança." (Página 19)

"Segurar a alma humana na palma da mão como um cascalho. Sentir um ser humano fugindo da vida, mas por seus atos trazê-lo de volta! Nem um rei tinha tanto poder. Escolhido. Poderia aprender mais? Quanto se podia aprender? Como seria, perguntava a si mesmo, aprender tudo o que tinham para ensinar? Pela primeira vez, reconheceu no seu íntimo o desejo de ser médico." 
"Enquanto passavam as estações, uma coisa se mantinha constante: a sensibilidade extra, o senso de curar que nunca o abandonou."


Ler esse livro, um dos mais famosos escritos por Noah Gordon, me trouxe bastante aprendizado, em especial no que diz respeito às religiões que ele menciona (como o Islamismo e, principalmente, o Judaísmo). Me fez refletir sobre como as coisas eram diferentes na época em que a história se passa (como eram inúmeras as agressões à natureza e os maus tratos aos animais!) e sobre como há muitas maneiras de atingir um objetivo, mesmo que à primeira vista não seja exatamente o que se esperava. Podemos sempre tirar algo bom de tudo. Por fim, é impossível não aprender com Robert que não há barreiras para conquistar nossos sonhos.

"O Físico" é uma obra que precisa ser digerida. Precisa ser vencida, conquistada. E o fim da leitura é, de fato, uma vitória que se torna tão desejada quanto a vitória de Robert em lograr seus objetivos. 


Apesar de ter sido uma leitura difícil, fiquei feliz em concluí-la.
Não poderia dar uma nota diferente: 5 novelos!

OBS: Esse livro contêm, além de cenas picantes, conteúdo erótico.
Por apresentar conteúdo adulto, não é indicado para menores de 18 anos.




O Físico
Noah Gordon



Sobre o autor

Noah Gordon
 Noah Gordon
 Site • Good Reads
Noah Gordon foi um escritor americano. Nasceu em 11 de Novembro de 1926 em Worcester, no estado de Massachusetts. Serviu no exército americano durante a Segunda Guerra Mundial. Após o fim da guerra entrou no curso pré-médico por pressão de seus pais, o qual cursou durante apenas um semestre, pedindo transferência para o curso de jornalismo. Se formou como jornalista em 1950. Atuou como editor de algumas revistas científicas e publicou o seu primeiro romance em 1965. Seus romances falam sobre história da medicina, ética médica e mais recentemente começou a focar em temas relacionados à Inquisição e a herança cultural judia. Seu romance Xamã ganhou o primeiro Prêmio James Fenimore Cooper de Melhor Ficção Histórica em 1993.

Au revoir ♡

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