02/06/2022

Resenha Literária
A padaria dos finais felizes
Jenny Colgan


Autor(a): Jenny Colgan | Título Original: Little Beach Street Bakery | Editora: Arqueiro
Ano: 2019 | Páginas: 336 | Skoob: Adicione | Compre: Amazon
A Padaria dos Finais FelizesSinopse: Um balneário tranquilo, uma loja abandonada, um apartamento pequeno. É isso que espera Polly Waterford quando ela chega à Cornualha, na Inglaterra, fugindo de um relacionamento tóxico. Para manter os pensamentos longe dos problemas, Polly se dedica a seu passatempo favorito: fazer pão. Enquanto amassa, estica e esmurra a massa, extravasa todas as emoções e prepara fornadas cada vez mais gostosas. Assim, o hobby se transforma em paixão e logo ela começa a operar sua magia usando frutos secos, sementes, chocolate e o mel local, cortesia de um lindo e charmoso apicultor. A Padaria dos Finais Felizes é a emocionante e bem-humorada história de uma mulher que aprende que tanto a felicidade quanto um delicioso pão quentinho podem ser encontrados em qualquer lugar.
A primeira coisa que me chamou atenção ao começar essa leitura foi o curioso fato de notar duas coincidências na história: a protagonista se chama Polly, que é meu apelido, parte do meu nome; e , ela trabalhava em um escritório de design que entrou em falência e eu tenho técnico em design e já trabalhei na área em escritórios e agências, apesar de ter seguido outros caminhos. Nem preciso dizer que achei curioso, e mais ainda o fato de Polly já ser um nome pequeno e, no livro, eles ainda conseguirem inventar apelidos, como Pol e Ly. Fiquei imaginando alguém me chamando assim e acho que no Brasil soa bem estranho, haha'


Como iniciei comentando sobre o nome da personagem principal, vou aproveitar o gancho e falar sobre ela. É uma protagonista forte, determinada, que não fica se fazendo de pobre coitada, que corre atrás e se impõe. Eu gostei muito dela, me afeiçoei bastante. Em "A Padaria dos Finais Felizes", temos aquele clichê comum em chick-lit da protagonista que sai da zona de conforto buscando recomeço que eu particularmente gosto pois nos mostra como é normal olhar em volta, olhar para si e não ter certeza de nada, do que quer, do que é, do que será. E tudo bem. Na vida, estamos em constante descoberta de nós mesmos, seguimos uma fatigante busca a fim de encontrarmos nosso lugar no mundo e ler sobre pessoas, mesmo que fictícias, que estão passando por esse processo de autoconhecimento é muito bacana e encorajador e nos faz lembrar que, muitas vezes, mudanças são necessárias e a resposta de tudo está no mais simples.
"– Pode parar! – ordenou Kerensa, depois de ressaltar que não havia táxis na ilha.
– Parar com o quê? – quis saber Polly, com um olhar inocente.
– Nem pense em tomar essa decisão! É loucura.
– Ainda não estou decidida.
– Está, sim! Posso ver seus lábios se contraindo. Pela primeira vez em um ano, você parece feliz, ainda que seja uma PÉSSIMA ideia.
Polly abriu um sorrisinho, pensando em tudo que tinha acontecido.
– Pelo menos dessa vez é minha péssima ideia."
Um ponto negativo do livro foi a construção dos romances. Em minha opinião, todos que aparecem no livro, envolvendo a protagonista ou não, foram superficiais e super forçados... tenho certeza que poderiam ter sido mais bem construídos. Além disso, a autora resolveu seguir aquela receita de bolo e colocou no meio um triângulo amoroso. Daí, como pode-se supor, foi de mal a pior. Além de o casal principal não ter um pingo de química, não gostei de como a autora desenvolveu a trama para retirar o segundo cara do triângulo e deixar o coração da protagonista "livre" para o principal. Ah, e ela ainda envolveu um assunto meio delicado, que foi tratado maneira leviana. O que aconteceu na história não foi algo que se resolve com um aperto de mão e a pergunta "você promete que vai se comportar a partir de agora?" e isso me deixou chateadíssima, portanto me fez tirar estrelas do livro sem piedade. Porém, para não dizer que não agradei de nada no quesito romance, gostei muito da forma leve como a autora retratou o término na história.


O livro, claro, fala bastante de pão e eu achei isso muito interessante. Na verdade, arrisco dizer que foi uma das coisas que mais gostei. As descrições dos sentimentos de Polly enquanto praticava panificação, a mágica de fazer o próprio pão e a forma como a personagem se sentia no lugar certo no mundo ao sovar a massa e preparar uma fornada de pães foram as melhores passagens do livro. Ao final, há várias receitas que, segundo a autora, foram testadas e aprovadas por ela. Já tenho vontade de fazer pão em casa a muito tempo, quem sabe agora não parto para a prática? Eu amo pão e meu repertório de variedades desse tipo de alimento aumentou bastante depois da leitura, haha'
"De repente, Polly sentiu algo. Conforme tacava, empurrava e sovava a massa, era como se a energia ruim estivesse deixando seu corpo. Nem tinha percebido quão encurvados estavam seus ombros, quanta tensão tinha presa nos nós na nuca. Seus ombros já deviam estar na altura das orelhas."
A narrativa é em terceira pessoa, e apesar de focar em Polly a maior parte do tempo, de vez em quando revelava o ponto de vista de outros personagens e isso foi interessante para entender o que se passava na cabeça deles sobre o mesmo assunto. A escrita de Jenny é muito fluida, porém às vezes é confusa (a todo momento, por exemplo, tinha um diálogo sobre como chove o tempo todo na cidade mas, de fato, só foi descrito chuva duas vezes na história). Além disso, a descrição temporal deixou um pouco a desejar. Por vezes era narrado, a fim de exemplificar, que a personagem acordou e se levantou da cama, e assim, claro, julgamos que está de manhã... porém, só depois de muito tempo era descrito que ainda estava de madrugada. Portanto, em alguns momentos achei difícil me situar na história. Entretanto, o livro tem um clima muito gostoso. Barulho de mar, gaivotas, pôr do sol e o horizonte azul do oceano... Dava para se imaginar ali, naquela ilha, na mureta do cais, em frente à padaria de Polly, olhando os barcos à deriva no mar.
"Polly nunca dera muita atenção ao clima. Era sempre uma questão de tempo úmido ou seco, e ponto final. Mas ali morava colada à linha tênue que separava terra e mar. O mar determinava todas as coisas: se as pessoas atravessariam a ponte ou não, se os homens podiam trabalhar ou não, até mesmo se ela poderia sair de casa. Era parte essencial da vida de todos. Enquanto ela e Kerensa caminhavam em silêncio pelas dunas, Polly entendeu, por fim, o significado de se ter o mar correndo nas veias."
"– Às vezes, à deriva, quando é só você e o mar e nada mais, e tudo que dá para ver de madrugada são as estrelas no céu, longe do farol, e você se deixa levar pelo ritmo de algo muito maior... É, é bom."
Sobre a ilha e os moradores locais dela, achei interessante que a autora trata de gentrificação na obra.


Eu não vou dizer que tive minhas expectativas frustradas porque eu já aguardava um clichê, tendo em conta o gênero. Mas confesso que, lá no fundo, eu esperava um final diferente para Polly... um final que combinasse muito mais com tudo que ela viveu e com o crescimento que obteve depois de ter se doado tanto por outras pessoas e colocado as próprias vontades e opiniões em segundo plano. Creio que um final diferente cairia bem melhor. Enfim, apesar dos pontos negativos, foi uma história leve e envolvente (e que fala muito de pão, haha').


"De repente, ali, na pequena padaria à beira-mar, começou a sentir que nada era impossível."


Com ressalvas, achei o livro bom! Portanto, três novelinhos.

Nesse livro há uma
ou mais cenas picantes.




A Padaria dos
Finais Felizes
Jenny Colgan



Sobre o(a) autor(a)

Jenny Colgan
 Jenny Colgan
 Site • Facebook • Skoob • Twitter
Jenny nasceu em 1972, na Escócia, e é autora de comédias românticas, ficção científica e histórias infantis. Seus mais de 25 livros foram publicados em dezenas de países e já venderam mais de 3 milhões de exemplares. Jenny adora bolo, Doctor Who e livros muito, muito longos, quanto mais longos melhor. Mora em Edimburgo com o marido, os três filhos e seu cachorro, Nevil.

Au revoir ♡

2 comentários:

  1. Estou com este livro na estante me julgado haha
    Já faz um tempo que comprei, mas ainda não consegui dar uma chance pra leitura
    Gostei da sua resenha e já foi com menos expectativas rs

    Clayci

    ResponderExcluir
  2. tenho visto muita gente falar sobre os romances da jenny colgan ultimamente e tô doida pra pegar algo dela pra ler! amei as coincidências que citou, quando acontece isso comigo também fico mais animada pra começar uma história kkkk
    kaffeina.co

    ResponderExcluir




Sabia que, a cada vez que uma pessoa sai de um blog sem comentar, um livro maravilhoso é queimado? É verdade esse bilete (hehe' :P). Então, que bom que está comentando! Um livro maravilhoso será salvo!!!

Brincadeiras à parte, obrigada por deixar um pouco de carinho. É sempre bom ouvir sua opinião! :)

Lembre-se sempre de marcar a caixinha "Notifique-me" do lado direito para ser notificado quando eu responder seu comentário (respondo todos). <3