Depois de 6 anos da última edição presencial, aconteceu, entre os dias 13 e 22 de maio, a "Bienal do Livro Minas" sob nova direção, agora chamada de "Bienal Mineira do Livro". É claro que eu não poderia deixar de conferir esse grande evento literário, e estive presente no primeiro domingo, dia 15 de maio. Eu fiquei completamente chocada por não saber que a bienal do livro voltaria a acontecer aqui em Belo Horizonte até o jornal local noticiar sobre e contar detalhes do primeiro dia. Não sei se eu que estava muito por fora ou se a divulgação não foi tão pesada, mas fiquei me sentindo uma péssima o leitora por não saber sobre a ocorrência do evento até ele acontecer de fato (haha'). Por pouco eu teria perdido!
Brincadeiras à parte, vim falar um pouco de como foi minha experiência nessa edição e quais foram minhas impressões acerca do evento. Ah, não posso deixar de citar o quanto fico feliz com qualquer coisa que divulgue e incentive a leitura e mais feliz ainda em estar em um lugar repleto de leitores. É muito bom! Espero que o evento continue ocorrendo bienalmente a partir de agora. Porém, eu tenho sérias críticas sobre o local escolhido. Se o objetivo é ser um evento com inclusão social, aberto a todos, que incentive o comparecimento, que empolgue e induza as pessoas a irem para prestigiar autores, participar das palestras e adquirir livros... erraram feio na localização. Um evento desse tamanho em um shopping? E pior, logo em um tão longe de tudo?
O BH Shopping, que sediou o evento esse ano, ficou completamente lotado, o que dificultou a locomoção lá dentro. Os ônibus estavam muito cheios, vi pessoas reclamando do preço do estacionamento e do trânsito até o local, que já não é bom em dias comuns e durante a bienal, principalmente no fim de semana, estava especialmente engarrafado. Esse shopping no qual o evento aconteceu é conhecido por ser "elitizado", uma vez que fica em uma certa região da cidade que possui alguns dos bairros mais nobres de Belo Horizonte. Muita gente nunca foi lá por ser muito longe do centro da capital. Para escolher a localização de um evento desse porte, deve-se estudar muito a região e os meios de transporte até lá, principalmente a quantidade de opções que as pessoas vão ter para chegarem. Nem todo mundo tem carro, muitos dependem de ônibus. Teria sido muito mais esperto escolher um local perto de uma estação de ônibus e de metrô. Não há muitas linhas de ônibus que passam no BH Shopping, e alguns não estavam funcionando no fim de semana. Além disso, a parcela da população que consegue pegar apenas um ônibus para chegar lá é pequena, eu mesma peguei três!
Então é difícil dizer que essa edição da Bienal Mineira do Livro foi um evento para todos. Tenho certeza que muitas pessoas queriam muuuuuito ir, mas não conseguiram devido ao local escolhido que é de difícil acesso.
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| Imagens: Reprodução @bienalmineiradolivro |
Como eu já citei, fiquei sabendo do evento em cima da hora, fui na correria, demorei muito para chegar (três ônibus!) e não sabia a programação cultural do dia. Eu acabei não assistindo a nenhuma palestra, nem participando de nenhuma sessão de autógrafos. Além disso, após comprar alguns livros, já estava com sacolas pesadas e fiquei doida para ir embora. Eu confesso que gostaria de ter tomado conhecimento sobre o evento antes, assim eu teria levado uma mochila, pesquisado com calma a programação e ido com intenção de participar das oficinas e palestras, mas isso não aconteceu. Eu vi no instagram que ocorreram muitos bate-papos legais, contação de histórias para crianças e alguns autores brasileiros conhecidos marcaram presença, como a Paula Pimenta e a Elayne Baeta. Uma coisa sobre o marketing, é que que senti falta foi incluírem os livros mais famosos dos autores que participaram da bienal nos posts de divulgação do instagram. Nem todo mundo conhece os autores dos livros apenas por foto deles.
Em parceira com a Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais foram distribuídos aproximadamente 50.000 ingressos e R$ 3 milhões de reais em vale-livros para estudantes (R$50,00 para cada) e professores (R$100,00 para cada) de escolas públicas comparecerem, participarem e comprarem livros. Durante a semana, várias escolas fizeram excursão até o evento e os estudantes puderam aproveitar bastante. De acordo com o site Agência Minas, "a proposta é estimular a leitura, especialmente nas comunidades mais vulneráveis, fomentando a cadeia econômica do livro e o incremento da aprendizagem." Houve também ações de acessibilidade por meio da Biblioteca Pública de Minas Gerais, com exposição de livros em braile e do Núcleo de Acessibilidade e Inclusão da Casa Fiat, com obras multissensoriais, que podem ser conhecidas por meio do toque.
Para um evento literário que incentiva a leitura, eu achei os preços extremamente altos, do nível livraria de shopping. Haviam alguns estandes com livros de sebo e outros com livros novos, mas com pequenos defeitos, sendo vendidos a preços muito bacanas e esses estandes eram os mais lotados (afinal, para comprar livro caro não precisa ir em uma bienal, né?! Nós vamos em busca de pechincha, mesmo). Várias editoras participaram, desde as voltadas para o público infantil até as acadêmicas, as que só publicam livros em domínio público e as com catálogo de livros unicamente espíritas. Algumas editoras mais famosas também marcaram presença, como a Autêntica (não vi promoções no estande dessa editora), a Companhia das Letras (havia promoções, mas com descontos pouco expressivos... entretanto, estavam entregando brindes legais, como copos e ecobags) e a Aleph (tinha um esquema de desconto progressivo, mas os livros lá estavam bem caros... uma pena). Para entrar era necessário adquirir um ingresso que custava R$20,00 a inteira e R$10,00 a meia, sendo possível conseguir 50% de desconto no aplicativo do shopping. O ingressos eram divididos por turno (manhã, tarde e noite) e o visitante deveria escolher o compatível com o horário que ele iria comparecer ao evento.
Eu comprei mais livros do que esperava. No total, voltei para casa com 10 exemplares. Porém, a grande maioria foi comprado nos estandes de livros baratos, que estavam fazendo muito sucesso (eram livros novos mas com pequenos defeitos, como uma orelha faltando, um arranhado no hot stamp, uma página dobrada... mas nada que atrapalhe a leitura). Eu fiquei impressionada com os livros que eu vi nesses estandes. Tinha vários livros conhecidos e até alguns lançamentos. Mesmo com os pequenos defeitos, estava valendo muito a pena porque são defeitos mínimos. Amei comprar "O Imperador de Todos os Males", um livro sempre caro, por apenas R$20,00 só por causa de uma manchinha do lado e "O Impulso" por R$10,00 devido a um problema no corte da orelha do livro. A maioria dos livros que comprei estava na minha lista e eu fiquei muito feliz com minhas aquisições.
Considerações finais
Apesar da localização ruim e dos preços altos, todo evento que visa promover o incentivo à leitura é válido. Só espero que, nas próximas edições, o evento melhore e se torne, de fato, aberto a todos. Uma dica para a próxima bienal é a opção de alugar escaninhos para acomodar os livros comprados e não ter que ficar carregando para lá e para cá... isso incentivaria as pessoas a permanecerem mais tempo no evento. Eu gostaria de ter tirado muitas fotos, porém quando lembrei já estava indo embora. Fiquei tão focada em aproveitar que me esqueci completamente. Ah, uma coisa bacana é que o evento foi patrocinado pelo café Três Corações e estavam distribuindo café de graça lá. Café e livros combinam muito, e o capuccino estava uma delícia!
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