17/03/2022

Resenha Literária
A seleção
Kiera Cass


Autor(a): Kiera Cass | Título Original: The Selection | Editora: Seguinte
Ano: 2012 | Páginas: 368 | Skoob: Adicione | Compre: Amazon
A SeleçãoSinopse: Nem todas as garotas querem ser princesas. America Singer, por exemplo, tem uma vida perfeitamente razoável, e se pudesse mudar alguma coisa nela desejaria apenas ter um pouquinho mais de dinheiro e poder revelar seu namoro secreto. Um dia, America topa se inscrever na Seleção só para agradar a mãe, certa de que não será sorteada para participar da competição em que o príncipe escolherá sua futura esposa. Mas é claro que seu nome aparece na lista das Selecionadas, e depois disso sua vida nunca mais será a mesma...

Em 2015, li "A Seleção" pela primeira vez. Lembro-me perfeitamente de como eu e minhas duas amigas do curso que fazíamos na época ficávamos animadas discutindo sobre o livro todos os dias no metrô de volta para casa. Na época, eu tinha amado o livro. Gostei tanto que dei 5 estrelas. Li o primeiro e o segundo da série, mas não tive coragem de seguir adiante... sentia como se eu fosse perder a história ao finalizá-la. Apaixonada pela trama, decidi que queria ter todos os livros na minha estante (tinha lido emprestado da biblioteca), e que só leria os próximos livros quando tivesse a série complesta para chamar de minha.

O tempo passou e eu, devagar, fui adicionando cada um na minha estante... mas hoje, 7 anos depois, ainda não finalizei a série. Sabe quando a gente esquece, deixa para lá, coloca outras prioridades na frente? Pois é. Mas agora, em 2022, examinando minha estante dei de cara com os livros e me bateu uma grande vontade de, enfim, saber como tudo termina e finalizar esse ciclo. Como faz bastante tempo, não me lembrava de muita coisa então decidi reler todos e, claro comecei relendo o primeiro... será que mantive a mesma opinião e nota da primeira leitura? Bora conferir agora!


Em "A Seleção", estamos no futuro e conhecemos America, uma garota de 17 anos que mora em Illéa, um país que, antigamente, correspondia aos Estados Unidos mas após mais uma Guerra Mundial, foi invadido pela China, tornando-se Estados Unidos da China e, por fim, tomado sob o comando de Gregory Illéa, que derrubou a república e impôs uma monarquia absolutista, nomeando o país com seu sobrenome. O novo país surgiu estruturado por um sistema rígido de oito castas, no qual há, sim, meios de transição entre elas mas que são bem complicados e muitas vezes, praticamente inacessíveis para quem pertence a castas muito inferiores.

Além disso, cada casta tem suas as atividades comerciais (profissões) predefinidas, sendo a casta Um a da realeza e a casta Oito, última, dos mendigos e das pessoas à margem da sociedade. America, protagonista da história, pertence à casta Cinco, que é a casta da música e das artes. Ela é pressionada pela família para se inscrever na Seleção para a esposa do príncipe Maxon, que é o modo tradicional de os príncipes e princesas de Illéa, em idade de casamento, escolherem seus cônjuges, casando-se com plebeus e plebéias do país. E, obviamente, ela fica entre uma das 35 selecionadas para participar.
"Nenhuma das opções me parecia muito boa. E a ideia de entrar em um concurso que o país inteiro acompanharia só para ver um riquinho esnobe escolher a moça mais linda e sonsa do grupo para ser o rosto calado e bonito que aparecia ao lado dele na TV... era o bastante para me fazer gritar. Haveria humilhação maior?" (página 14)
"— Está tudo bem, querida? — Ele perguntou.
— Eu não sou sua querida." (Página 126)

"— Você chamou todas de minha querida? — Perguntei, voltando o rosto para o resto do salão.
— Sim e todas parecem ter gostado.
— Exatamente por isso que eu não gostei." (Página 146)
No castelo, America acaba se aproximando de Maxon, o príncipe e futuro rei de Illéa. Ele gosta dela de cara justamente pelo fato de ela, basicamente, ser ela mesma, já que não está nem aí para ele enquanto todas estão enlouquecidas, fazendo de tudo para chamar a atenção do príncipe (até mesmo fingindo e atuando), tudo para ser a escolhida. Eles combinam muito devido ao senso de humor que compartilham e a tendência a tirar sarro de todas as situações. Foi isso que a fez se encantar tanto por ela: honestidade e autenticidade, duas qualidades que Maxon percebe admirar e desejar em sua futura companheira.


Maxon é um personagem que fiquei querendo conhecer melhor. Como o ponto de vista é sob o olhar de America, tudo que temos são as impressões dela sobre ele e não a verdade em si. Mas percebo que é uma pessoa bondosa, mas muito controlada pelo pai, rei de Illéa. Senti dó de ver America brincando com o coração dele. Espero entender mais sobre ele no próximo livro.
"Observei Maxon. Talvez ele fosse bonito, a seu modo. Mas não era nem um pouco parecido com Aspen. Seu cabelo tinha uma cor meio mel e Seus olhos eram castanhos. Ele tinha uma cara de verão, o que muita gente deveria gostar. Seu cabelo batido estava em perfeita ordem, e a roupa se ajustava perfeitamente ao seu corpo. Só que Maxon ficava travado demais naquela cadeira. Parecia tenso. Seus cabelos brilhantes eram perfeitos demais, seu terno sob medida e estava engomado demais. Era mais uma pintura que uma pessoa. Cheguei a ter pena da garota que ficasse com ele. Aquela devia ser a vida mais chata que alguém poderia imaginar." (Página 49)
"— Nunca tive a oportunidade de me apaixonar. E você? 
— Tive. — Respondi na lata. logo que as palavras saíram da minha boca quis pegar ela de volta era um assunto particular, não era da conta dele.
— Então você teve muita sorte. — Havia um pouco de ciúme sua voz. Imagine só! A única coisa que eu podia tirar na casa do na cara do Príncipe de Ele Era exatamente aquilo que eu queria esquecer." (Página 128)
O terceiro personagem do triângulo amoroso é Aspen, vizinho de America e pertencente à casta 6, uma abaixo dela, o que torna a união dos dois bem complicada. Aspen é um personagem que eu não consegui gostar nem na primeira, nem na segunda vez que li o livro. Com falas e comportamentos machistas, além de uma masculinidade mega frágil, é difícil simpatizar pelo personagem de cara. Ele ainda faz America fingir vulnerabilidade para que ele se sinta mais homem (veja no quote abaixo). Me poupe!
"Era assustador me expor daquele jeito, deixar absolutamente clara a profundidade da minha paixão. Ele sabia o peso das minhas palavras. Mas, se minha vulnerabilidade o deixava mais forte, vale a pena. Seus olhos procuraram os meus. Se as procurava dúvida, estava perdendo tempo. Ele era a única certeza na minha vida." (Página 61)
É um livro muito gostoso de ler, daqueles que dá para ler em um dia e que ficamos com vontade de saber o que vai acontecer no final. Gostei muito da escrita da autora também. Sim, confesso que até certo ponto é uma história clichê, que por ter uma personagem que se destaca por algum motivo e não está satisfeita com o sistema, além de ter um quê de distopia, lembra um pouco "Jogos Vorazes" e "Divergente" (pelo sistema de castas em um, distritos em outro e facções nesse último), apesar de ir mais para o lado do romance, tanto pela existência de triângulo amoroso como pelo romance ser o fator principal da história.


Em minha opinião, faltou um pouco de aprofundamento na história do país, fato que a própria personagem confessa também não saber ao certo. Creio que, por esse ser o primeiro volume, é mais introdutório. Talvez nos próximos a questão política seja mais aprofundada e essas dúvidas sejam sanadas, mas também espero que isso não torne os próximos livros maçantes, pois esse é muito fluido e rápido de ler.

A protagonista é teimosa e inconformada, como é de se esperar da personagem principal em um livro dito como distopia. Por isso, nutro expectativas para que ela lute contra o sistema vigente, que até então oprime os mais pobres e coloca as pessoas em estado de vulnerabilidade e, assim, alcance uma mudança. Mas será mesmo que a autora guiará America para tentar mudar o país e extinguir ou ao menos aliviar as mazelas da população da castas mais baixas, coisa que ela está sempre citando durante o livro? O problema é que toda a preocupação de America acerca do triângulo amoroso que se forma ofusca essas importantes questões e as coloca em segundo plano, o que é uma pena. Entretanto, ainda há dois livros, após esse, protagonizados pela personagem. Irei aguardar a leitura dos próximos volumes para ver o que de fato ocorrerá.


Minha avaliação caiu de 5 para 4 novelos, o que é normal, pois querendo ou não a cada leitura
vamos ficando mais criteriosos... mas continuo gostando muito da série.




A Seleção
Kiera Cass



Sobre o(a) autor(a)

Kiera Cass
 Kiera Cass
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Nasceu em 1981, na Carolina do Sul, Estados Unidos. É graduada em História pela Universidade de Radford. Antes de se tornar autora best-seller, Kiera Cass já trabalhou como professora substituta, trabalhou em uma livraria e trabalhou, também, em uma franquia da Ben & Jerry's. Neste último, a escritora revela que quando o movimento estava lento, ela escrevia os primeiros rascunhos da série que a tornou autora best-seller internacional. Hoje ela reside na cidade de Christiansburg, Virginia, junto com seu marido (Callaway Cass) e seus dois filhos (Guyden e Zuzu). Odeia motoristas que não dão seta, viajar de avião e salada; ama materiais de papelaria, boy bands e sobremesa.

Au revoir ♡

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