07/01/2020

Resenha Literária
A lista de Brett
Lori Spielman



Autor: Lori Nelson Spielman | Título Original: The Life List | Editora: Verus | Páginas: 364
Ano: 2014 | País: Estados Unidos | Skoob: Adicione | Compre: Amazon 
A Lista De BrettSinopse: Brett Bohlinger parece ter tudo na vida — um ótimo emprego como executiva de publicidade, um namorado lindo e um loft moderno e espaçoso. Até que sua adorada mãe, Elizabeth, morre e deixa no testamento uma ordem: para receber sua parte na gorda herança, Brett precisa completar a lista de sonhos que escreveu quando era uma ingênua adolescente. Deprimida e de luto, Brett não consegue entender a decisão de sua mãe — seus desejos adolescentes não têm nada a ver com suas ambições de agora, aos trinta e quatro anos. Alguns itens da lista exigiriam que ela reinventasse sua vida inteira. Outros parecem mesmo impossíveis. Com relutância, Brett embarca numa jornada emocionante em busca de seus sonhos de adolescência. E vai descobrir que, às vezes, os melhores presentes da vida se encontram nos lugares mais inesperados.
Brett acaba de perder a mãe e não consegue lidar com a dor da perda. Obrigada a seguir em frente, seu mundo desaba mais uma vez quando descobre que, para ter sua parte na herança, precisa seguir rigorosas regras deixadas por Elizabeth (que infelizmente já sabia que iria partir). Uma dessas regras baseia-se numa lista de sonhos escrita por Brett aos 14 anos de idade e que Elizabeth achou no lixo e guardou durante os 20 anos seguintes. Brett simplesmente não consegue acreditar em tudo que está acontecendo. Como sua mãe pôde ter tido uma ideia tão ridícula? Afinal, as metas da lista, que Brett escreveu ainda menina, sonhadora e ingênua, não têm absolutamente nada a ver com a mulher que ela é hoje, aos 34 anos e com objetivos completamente distintos de vinte anos atrás. Pelo menos é isso que ela pensa...


Confesso que no começo do livro, me senti como Brett: sem entender onde Elizabeth queria chegar com aquele desafio estranho. Ao ler a lista, achei as metas muito comuns, simples e sem grandes novidades para algo escrito por uma adolescente. Sabendo que toda a história giraria em torno e se desenrolaria a partir dessa lista, logo me questionei se ali teria realmente pano para manga, ou seja, uma base legal para trabalhar um enredo que sustentasse as 364 páginas que viriam a seguir. Pois eu me surpreendi, e não foi pouco!
"— Então, é esse o trato. Nada de dinheiro nem de emprego. Apenas dez metas estúpidas que devo completar até o ano que vem.
— Isso é besteira - diz Megan. — Mande o advogado à merda. - Ela puxa a lista das minhas mãos. — Ter um filho. Ter um cachorro. Ter um cavalo. - Ela levanta os óculos de sol Chanel e fica olhando para mim. — Que raios sua mãe estava pensando? Que você ia se casar com algum velho fazendeiro?"
Apesar de relutante e inconformada, Brett logo começa a tentar riscar os itens da lista e não somente almejando a herança, mas também por respeito à sua mãe e ao seu desejo póstumo. Porém, o que ela não esperava é que a cada meta realizada, é como se uma parte de sua camada exterior fosse embora, revelando a verdadeira Brett que sempre esteve ali, escondida, mas encoberta conforme o passar dos anos e a convivência com pessoas fúteis e superficiais. Mas não é nada fácil. Ela terá que abrir mão de coisas inimagináveis, sair da sua zona de conforto totalmente e arriscar várias certezas de sua vida.

"- Você critica a sua mãe por ter sido covarde,
 mas não é nem um pouco diferente. Você quer realizar 
aqueles desejos, eu sei que quer, mas 
tem medo demais de assumir os riscos."

Eu comentei, logo no começo, que achei as metas demasiadamente comuns... E a maioria realmente é. Porém, esse é o ponto: isso faz com que também nos toque, nos atinja de forma que "A lista de Brett" nos deixe vários questionamentos sobre como estamos levando nossa própria vida. Será que estamos empacados, na zona de conforto, por medo de arriscar? Desistindo dos nossos maiores sonhos por medo do fracasso? Será que estamos sempre nos contentando com pouco por não nos sentirmos merecedores? Impossível não se ver questionando a si mesmo e avaliando como tem vivido e levado a vida, assim como Brett faz.


Quando o mundo de Brett vira de ponta a cabeça e ela começa a se redescobrir, percebe (ou aceita) que as pessoas que a cercavam e que ela acreditava que a amava estavam ali simplesmente por status e fachada, e assim se vê completamente sozinha no mundo, sentindo cada vez mais falta da mãe. A relação de Brett com a mãe era muito forte e bonita, elas eram muito unidas e sua mãe era seu porto seguro. Constantemente lhe amparava, incentivava e ajudava, além de sempre saber o que dizer nos momentos difíceis. Elizabeth parecia ser uma mulher admirável, terna, sábia e agradável, o tipo de pessoa que se deseja ter por perto. Por isso, a leitura das cartas que ela deixava para a filha ler a cada meta cumprida era sempre um dos pontos altos, muito aguardado por mim. Sempre emocionantes e reflexivas. E essas cartas ajudaram a manter a mãe presente na vida de Brett mesmo em sua ausência, e a aumentar ainda mais o vínculo e admiração que Brett sente por ela.
"Esse champanhe pertence à minha mãe, não a mim. Ela se permitiu o luxo dessa garrafa exorbitantemente cara a caminho de casa depois de sua primeira consulta com o médico, e prontamente a enfiou ali para que não fosse confundida com as garrafas comuns lá embaixo. Ela justificava que era um símbolo de promessa. No fim do tratamento, quando minha mãe recebesse o certificado de saúde plena, ela e eu abriríamos o exclusivo champanhe para celebrar a vida e os milagres. (...) Não posso beber isto. Estava reservado para um brinde de celebração, não para ser tomado por uma filha em luto, fraca demais para aguentar até o fim o almoço do funeral."
"É um caderno vermelho fino — suponho que seja um diário —, amarrado com uma fita amarela desbotada. A capa de couro está rachada e desgastada. 'Para Brett', ela escreveu na etiqueta em formato de coração. 'Guarde isto para o dia em que estiver se sentindo mais forte. Hoje, erga um brinde a nós, minha querida. Que dupla nós éramos. Com amor, sua mãe.' (...) Apesar de sua promessa de um final feliz, ela sabia que chegaria o dia em que eu precisaria ser resgatada. Ela me deixou o champanhe para o dia de hoje, e um retrato de sua vida, seus pensamentos íntimos e suas reflexões para amanhã."
É interessante ressaltar a forma como as metas da lista e os acontecimentos se entrelaçam de forma perfeitamente natural. E quanta coisa acontece nesse livro! Vários novos personagens entram na vida de Brett, todos com suas próprias histórias e problemas mas com muito a agregar, ajudando de forma extraordinária no crescimento pessoal dela. O único ponto negativo foi que senti faltar um pouco de aprofundamento nos personagens secundários, de forma que acabamos não conhecendo-os de verdade, e, ao final do livro, fica a sensação de não terem sido aproveitados em seu potencial.




"Olho de relance para o meu namorado enquanto ele dorme. Por que eu desisti da vida que um dia desejei ter? Aquela garotinha ainda está viva dentro de mim, se sentindo não merecedora? Será que a minha mãe está certa? Abandonei os meus sonhos na tentativa desesperada de ganhar a aprovação do Andrew, aprovação que também nunca recebi do meu pai? Não, isso é ridículo. Eu decidi, anos atrás, que a aprovação do meu pai não significava nada para mim. Então, por que não lutei por meus sonhos? Porque o Andrew tinha aspirações diferentes e escolhi segui-lo? Não, essa é apenas a versão generosa e altruísta que gosto de imaginar. Por mais que eu odeie admitir, há outra coisa, algo bem menos nobre... Eu tenho medo. Por mais fraco e covarde que pareça, não quero ficar sozinha."
Ao final do livro, Brett é uma personagem totalmente diferente das primeiras páginas (e sinto que o leitor também). Mas, como a própria Elizabeth cita em uma das cartas, ela não mudou, apenas se reencontrou. E é muito legal acompanhar todo o amadurecimento da personagem, que se descobre forte, determinada, corajosa, sonhadora, bondosa e altruísta. Apesar de levar o rótulo de Chick-lit e contar com algumas características do gênero, "A Lista de Brett" está longe de ser mais do mesmo e tem muito a surpreender e acrescentar. Recomendo muito a leitura. É um livro leve, mas ao mesmo tempo cheio de significado. Impossível não entrar na minha lista de favoritos. Quero ler mais livro da autora para ontem!


Amei tanto que virou Favorito. Uau!




A Lista De Brett
Lori Nelson Spielman



Sobre a autora

Lori Nelson Spielman
 Lori Nelson Spielman
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Lori vive no East Lansing no Michigan com seu marido e um gato muito  mimado e educado. Fonoaudióloga e conselheira orientadora, ela atualmente trabalha como professora particular para estudantes de baixa renda. Lori adora correr, viajar e ler, apesar de sua paixão ser a escrita. Passa seus invernos amaldiçoando os deuses do inverno e seus verões velejando as gloriosas margens do lago de mesmo nome.

Au revoir ♡

11 comentários:

  1. Oi, Polyana como vai? Adorei sua resenha, muito bem feita. Sobre o livro, o mesmo é maravilhoso, e assim como para você, esse livro é um dos meus favoritos. Abraço!


    https://lucianootacianopensamentosolto.blogspot.com/

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    1. Que bom que gostou! Esse livro realmente é maravilhoso, quero muito reler um dia. Obrigada pela visita! ♡

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  2. Oi Linda, amei sua resenha, este livro está nos meus desejados e irei ler em breve, mas não agora!

    Beijos Mila

    Daily of Books Mila

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    1. Espero que goste tanto quanto eu e que consiga captar a mensagem bonita que ele passa.

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  3. Oii, como vai?
    Que resenha mais ótima! Não conhecia a obra, sem contar que não é lá muito o meu estilo de leitura preferido porém é bom ler algo assim para sair da ressaca literária, né?

    Abraço,
    Larissa | Parágrafo Cult

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    1. Olha, ele é bem diferente de todos os chick lits que já li, então não se engane por causa do gênero. Com certeza é um ótimo livro para ressaca literária :)

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  4. Oi Polyana, tudo bem?
    Sua resenha foi a primeira que realmente me fez querer ler esse livro pra ontem. Já sabia da trama, mas gostei muito dos pontos que você levantou, até me emocionei rs. Imagino que as cartas da mãe façam chorar bastante.
    Beijos,

    Priih
    Infinitas Vidas

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    1. Nossa, que legal ler isso! De verdade :)
      Espero que você leia e que as mensagens que ele passa te toquem tanto quanto me tocaram.

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  5. Olá, Polyana.
    Eu li esse livro em uma fase chick-lit e acabei encontrando bem mais do que um romance leve e divertido nele. Amei a história. Eu ainda não li, mas dizem que Doce Perdão da autora é ainda melhor que esse.

    Prefácio

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    1. Realmente vi comentários ótimos sobre "Doce Perdão" e ele já está na minha meta de leitura para 2020. Quer ler para ontem! :)

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