29/07/2022

Resenha Literária
Perdão mortal (o clã das freiras assassinas #1)
Robin LaFevers


Autor(a): Robin LaFevers | Título Original: Grave Mercy | Editora: VeR Editora
Ano: 2015 | Páginas: 408 | Skoob: Adicione | Compre: Amazon
nome do livroSinopse: Aos dezessete anos, tudo o que Ismae Rienne conhecia era pobreza e homens abusivos: garotos que a atacavam com pedras, um pai violento e um pretendente repulsivo, que a comprou por três moedas de prata. Até que ela é levada para o convento de Saint Mortain, o misterioso Deus da Morte. Lá ela é treinada para se tornar uma habilidosa assassina e descobre que foi abençoada com perigosos dons pelo próprio Mortain. Para provar que merece o título de filha da Morte, Ismae parte em uma importante missão envolvendo a segurança da duquesa da Bretanha e o aniquilamento de seu traidor. Mas, ser uma serva da Morte pode não ser exatamente o que as freiras tinham ensinado no convento. Ismae vai aprender que a independência é conquistada com duras consequências, e que o destino de um país inteiro - e do único homem que ela seria capaz de amar - estão em suas mãos. Estabelecida na França medieval, misturando fantasia com ricos detalhes históricos em estilo "Game of Thrones", Perdão mortal é o primeiro livro do "Clã das Freiras assassinas", uma trilogia sofisticada, sombria e emocionante.
Eu ouvi falar muito desse livro no canal de algumas youtubers que eu acompanhava. Isso me fez cultivar uma enorme vontade de ler tal obra ao longo do tempo, de forma que, quando pensava em lista de leitura, era sempre o primeiro título que minha vinha à mente. Enfim resolvi ler de fato, de modo que "Perdão Mortal" foi o segundo livro de 2022. Agora, vou contar o que achei.

Imagem: Pexels

No livro somos apresentados a Ismae, uma protagonista bem forte com um passado doloroso. Ela descobre que é filha do deus da morte, Mortain (um dos vários antigos deuses da bretanha) e é enviada a um convento no qual vai aprender a matar traidores do trono, seguindo os desejos do seu deus. A primeira coisa que digo é que se você é uma pessoa extremamente religiosa e, para você, pensar que a personagem adora ao deus da Morte lhe causas sentimentos ruins, não leia, porque há várias passagens e falas com as quais você irá se sentir mal. Eu não tive problemas com a leitura pois sei que se trata de mitologia e ficção, apesar de não saber exatamente qual a origem dos deuses antigos em questão (imaginei serem os celtas, mas pesquisando não tive certeza, não parecem ser os mesmos). Parece que, realmente, na região, realmente havia culto a esses deuses no passado.
"Estava frio sob o dossel de folhas. Eu me envolvi mais na capa, mas isso não me aqueceu nem um pouco. Não era esse tipo de frio. A morte estava por perto. Eu a senti nos ossos, do mesmo modo que as juntas latejantes de um velho marinheiro o alertavam sobre uma tempestade iminente."
"– Muito bem, então. Depois de muitas provações, agora você está aqui.
– Provações? – perguntei. – É isso que foi minha vida? Uma série de provações pelas quais eu tinha de passar?
– Você vem até nós bem temperada, minha filha, e não é de minha natureza sentir piedade por isso. A lâmina bem temperada é a mais forte."

"– Você serve a um Deus sombrio, filha, mas lembre-se: Ele não é desprovido de misericórdia." 

"Ela estendeu o braço e levou a mão ao meu rosto, como uma mãe faria com seu bebê. – Você chegou a nós como um monte de argila, e nós a moldamos em um instrumento da Morte."
Confesso que pelo nome, esperava mais tragédias e assassinatos. Gostaria que a parte do treinamento no convento tivesse sido um pouco mais detalhada. O livro é extenso, mas mesmo assim, parece que passou rápido pelas partes interessantes e estagnou. Porém, em certa altura da narrativa, há uma guinada para a questão política da região, que tira o foco quase que totalmente do fato principal da obra: assassinas meticulosamente treinadas. Gente, a parte política é muito chata. Acho que se essa licença para matar concedida pelo deus da Morte que a protagonista e as outras freiras têm se expandisse para o mundo (como um espécie de heroínas que combatem o mal) ao invés de ficar retido apenas à região da Bretanha, o livro seria ainda mais interessante. 

Imagem: Pixabay

Apesar de ocorrer a formação de um interesse romântico, o foco do livro não é o romance e muitos dos leitores parecem não entender isso. Entretanto, o romance foi bem construído: ocorreu lentamente, foi sendo lapidado, reforçado, sentido, até acontecer de fato, como eu gosto. Romance bom é aquele de maturação lenta, que a gente consegue sentir o envolvimento dos personagens se formando, os laços sendo criados, a atração entre eles nas cenas. Digo com toda certeza que o casal principal é mais crível que muito chick-lit que já li.
"Arrisquei olhar para ele, esperando ver um brilho de divertimento em seus olhos ou um sorriso malicioso. Em vez disso, havia um quê de preocupação em seu rosto. Essa simpatia foi o que mais me perturbou. Podia me esquivar de um golpe ou bloquear uma faca. Era imune a venenos e sabia uma dezena de modos de me livrar de um estrangulamento ou do fio de um garrote. Mas simpatia? Não sabia como me defender contra isso."
"Eu o teria xingado por enxergar demais, se não estivesse feliz demais por ele estar vivo para enxergar qualquer coisa."
O livro se trata de um romance histórico, uma vez que se passa em lugares reais, envolve pessoas que realmente existiram e cita acontecimentos que realmente ocorreram. Quem não conhece a história da Bretanha, suas cidades e as cidades vizinhas ficará perdido, como eu fiquei. Dessa forma, o livro se tornou bem maçante devido a questão histórica e política da região que eu desconhecia e achei bem confusa. Caso você tenha interesse em ler esse livro, recomendo que pesquise antes sobre os seguintes tópicos: Guerra da Bretanha, Francisco II, Tratado de Verger e Ana, a Duquesa da Bretanha. Portanto, a narrativa do livro é super arrastada, apesar de achar a escrita da autora muito boa, bem como a tradução. Eu amo quando aprendo palavras diferentes.

Algumas pontas ficaram soltas e alguns pontos poderiam ter sido melhor desenvolvidos. "Perdão Mortal" compõe uma trilogia chamada "O clã das freiras assassinas", e os próximos livros tratam de outras personagens que aparecem nesse. Creio que no próximo volume haverá mais da história de Ismae, tendo em vista que o final ficou em aberto e talvez haja melhores explicações para esses pontos em aberto.
"Lembre-se de que a verdadeira fé nunca vem sem angústia."
"Era isso o que eu queria ser. Um instrumento de misericórdia, não de vingança."

Enfim, eu gostei bastante da história... me prendeu muito, apesar de algumas ressalvas.




Perdão Mortal
Robin LaFevers



Sobre a autora

Robin LaFevers
 Robin LaFevers
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Robin LaFevers foi criada lendo contos de fadas e mitologia de Bulfinch e poesia do século 19. Não é de se surpreender que ela cresceu sendo uma romântica incorrigível. Embora nunca tenha treinado como um assassino ou se juntado a um convento, ela frequentou a escola católica por três anos, o que incutiu-lhe um profundo fascínio por rituais sagrados e o conceito do Divino. Ela foi em uma busca de respostas para os mistérios da vida desde que se lembra. Embora muitas dessas respostas ainda sejam poucas, ela normalmente as encontra em livros. Teve a sorte de encontrar seu verdadeiro amor, e está vivendo feliz para sempre com ele no sopé do sul da Califórnia.


Au revoir ♡


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